Descrição: Através da transformação e doação do seu paço real aos franciscanos, instalados desde 1216 na antiga ermida de Santa Catarina, funda, D. Sancha, em 1222, o convento real de São Francisco.
Casa e cerca seriam, mesmo assim, de reduzidas dimensões. O crescimento da comunidade obrigará, com o tempo, ao aumento destes espaços. Em 1280, a donatária da vila D. Beatriz de Gusmão, mulher de D. Afonso III (que no seu testamento contemplara esta instituição com 50 libras), compra e doa aos frades uma terra para alargamento da cerca. A mesma rainha encarregar-se-á também da construção da igreja conventual.
Estas obras, devido às suas frequentes ausências e depois por motivo da sua própria morte, arrastar-se-ão por largos anos. Em 1305 há notícia de terem sido começadas obras na igreja e no claustro. Estas obras só estarão concluídas cinquenta anos mais tarde, em 1355, reinado de D. Dinis, conforme as armas reais e lápides colocadas sobre o portal gótico da referida igreja.
A par de outros conventos franciscanos, caso dos de Coimbra, Santarém, Porto e Guimarães, também neste de Alenquer houve escola de gramática, filosofia, casuística e teologia, criada no século XIV. D. João, Mestre de Avis reside neste Convento de São Francisco, entre novembro e dezembro de 1384, fazendo cerco à vila, tomada pelos castelhanos, e até à sua entrega. Entre os anos de 1433-38, D. Leonor, mulher de D. Duarte e donatária da vila, fez a este convento a esmola perpétua de uma jugada em cada ano, mercê depois confirmada por outros monarcas. D. Afonso V, também ele irmão da Ordem Terceira de São Francisco, concederá aos frades os privilégios de pescar no rio quando necessário e de cortar lenha na sua mata de Ota. Durante a Idade Média celebrar-se-ão neste convento vários capítulos provinciais da Ordem franciscana (1468, 1486). D. João II, com sua mulher, D. Leonor, encontra-se em Alenquer, no Convento de São Francisco, quando a 12 de julho de 1491 morre, na Ribeira de Santarém, seu filho, D. Afonso, príncipe herdeiro. D. Leonor, mulher de D. João II, entre os anos de 1481 e 1495, virá a libertar das fintas e encargos do concelho, o oleiro que der louça ao convento de São Francisco. A renovação do claustro e o pórtico da Casa do Capítulo são obras do reinado de D. Manuel cujas despesas correram por conta da Coroa. Continuarão a celebrar-se neste convento vários capítulos provinciais da Ordem franciscana: em 1545, 1581, 1689, 1702, 1706, 1709 e 1713.
No ângulo noroeste do claustro existe um relógio de sol, de mármore fino de Génova, oferecido pelo alenquerense Damião de Goes, em 1557. Durante o reinado de D. Sebastião (1568-1578), e sob o patrocínio deste rei, é renovado o forro da igreja. Também D. Catarina presenteara este convento com valiosas relíquias. Aclamado em Santarém, partiu D. António, prior do Crato, para Alenquer, alojando-se no Convento de São Francisco, onde as autoridades locais o reconheceram por “verdadeiro Rei e Senhor de Portugal e seus domínios”. Aconteceu isto no dia 22 de junho de 1580. Segundo Guilherme Henriques, este episódio constava de um auto que se lavrou “no livro velho dos Acordãos da Câmara a folhas 235 que estava assinado pelo Senhor D. António e que ainda existia em 1819”. As autoridades locais, que subscreveram o referido auto, foram o juiz de fora, licenciado António Coelho de Aguiar, a câmara “em nome do povo dela”, o sargento-mor Francisco Pereira, os capitães das companhias de ordenanças.
Foram testemunhas, os fidalgos da casa de D. António, Manuel da Silva, D. Francisco Henriques e Heitor da Silveira. Pouco tempo antes de morrer em Paris, em 26 de agosto de 1595, ordenara D. António, uma disposição que nunca chegou a ser cumprida: a sua trasladação e sepultura no “coro de S. Francisco de Alenquer e, sendo proibido, no Capítulo em sepultura rasa com o chão”. Em 1611, dia 11 de abril, conforme o epitáfio, é erigida, na capela-mor da igreja deste convento, a sepultura de Frei Zacarias e de dois irmãos. D. Luisa de Gusmão, mulher de D. João IV e donatária de Alenquer a partir de 1643, atribuirá a este convento esmolas avultadas. O terramoto de 1755 destruiu a primitiva igreja de traça gótica, o dormitório e a enfermaria, poupando apenas o claustro e algumas dependências anexas. Da igreja ficou, depois da reconstrução, pouco mais do que o pórtico ogival. Extinto pela lei de 1834, esteve alguns anos abandonado, até que a cerca veio a ser concedida ao município para servir de cemitério, a igreja passou a matriz da vila e as restantes dependências conventuais cedidas para nelas se estabelecer o hospital da Misericórdia.
Freguesia: UF Alenquer
Localização: Convento de São Francisco, Largo de São Francisco, vila de Alenquer
Período: Século XIII (1222)
Classificação: Imóvel cuja classificação se encontra em estudo